quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Eu...

Sinto que tudo o que faço não tem sabor, nem cor...
Que tudo o que digo é meramente um eco ao longe...
E que tudo o que sou... É apenas um vazio, por de trás de uma fachada iluminada em tons de preto e escarlate.
Tudo o que transcrevo da minha alma que se dissipa, é transparente.
Todo o sentimento que ponho, é um reboliço sem igual.
Tudo o que vejo é um mundo turvo, caótico com o seu misto de misteriosidade...

 Algures lá no meio existe uma cama confortável, na qual onde apenas posso descansar por breves momentos. Depois fica inalcançável.
No céu juntam-se as mais cinzentas nuvens, fazendo cair uma torrente de chuva.
Sinto-me fria. Já não consigo distinguir se o que me escorre pelo rosto são gotas de água ou de lágrimas.
Gostaria de ir com o vento, e não voltar mais.
Desfazer-me em pequenas gotículas e evaporar. Ser livre destas raízes.

O meu propósito neste mundo é apenas ser magoada e pouco amada.
A única coisa que ainda me faz sentido é a melodia produzida pelo sentimento do mais profundo ser, as cores do horizonte quando o sol se esconde e o embate nervoso das ondas do mar, nas rochas. Mas tudo isso me faz doer o coração... Se é que o tenho...

O mundo estaria melhor, se fosse apenas mais uma paisagem. Uma paisagem que fizesse alguém sorrir. Uma paisagem que alguém estimasse e apreciasse.
Mas sei que nada sou, e nada sempre serei, nem mesmo como ser humano.

Para os que me vêem como algo insignificante ou desilusão, perdõem-me. Estava só a tentar....
Tentar ser algo ou alguém. Ser melhor e mais.
Ter cor e textura. Ser digna de amor, tanto para receber como para oferecer.
Mas, pelos vistos, apenas tenho o direito de ter monólogos ou diálogos entre mim e os meus papéis....

Perdõem-me por ser tão pouco, ou nada.
*ACG*